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A CONDENAÇÃO – odisséia pela convicção

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Em cartaz nas sessões do Cinema de Arte, o drama jurídico A Condenação traz a tona a inacreditável história real de um homem inocente condenado à prisão perpétua e de sua irmã, uma garçonete que voltou aos estudos para se formar em Direto, defendê-lo e resgatar-lhe a dignidade

Betty Anne Waters tinha 25 anos quando, em 1980, seu irmão Kenny, um ano mais novo, foi formalmente acusado pela justiça da cidade de Ayer, Massachusetts, de ter assaltado e executado, em crime de primeiro grau, a dona de casa Katherine Brow. Apesar de jurar inocência e as provas serem apenas circunstanciais, ele foi condenado, três depois, à prisão perpétua sem direito a liberdade condicional. Revoltado, Kenny Walters tentou o suicídio, dois anos depois. O fracasso da ação o fez ser punido com um mês na solitária. Betty, uma garçonete casada e mãe de 2 filhos pequenos, que não ficara satisfeita com os advogados de defesa e tinha dificuldades em encontrar advogados que aceitassem o caso, comovida pelo ato do irmão, o procurou com uma proposta: ele não tentaria novamente tirar a própria vida e ela voltaria a estudar para concluir o ensino médio, ingressaria na universidade e se formaria em direito para advogar a sua inocência. A história dessa promessa durou 18 anos.

A adaptação dessa inacreditável história real também foi outro martírio que levou nove anos e só se concretizou graças ao empenho do ex-ator e agora diretor Tony Goldwyn (ele interpretou o vilão de Ghost – do outro lado da vida). Durante esse tempo, Goldwyn superou as pressões da justiça da cidade de Ayer, dos diretores da penitenciária e das pessoas envolvidas nas acusações para que a produção não fosse levada adiante. As três produtoras independentes envolvidas nas filmagens se viram obrigadas a reduzir drasticamente, para meros US$ 12 milhões, o orçamento e os custos de divulgação. Por sua vez, a Fox Seachlight o lançou em circuito limitado.

 

Hilary Swank e o diretor Tony Goldwyn

Situado entre Os Últimos Passos de um Homem (1995), de Tim Robbins, Erin Bronckovich (2000), de Steven Soderbergh, e o recente O Poder e a Lei (2010), de Brad Furman, A Condenação chega ao Brasil com certo atraso e engrossa a lista desses pouquíssimos de filmes que abordam os erros do sistema judiciário dos EUA. O roteiro de Pamela Grey desenvolve a história sob o ponto de vista de um erro jurídico forçado por investigadores, delegada e policiais incompetentes que se utilizaram inicialmente apenas de frágeis provas circunstanciais, e, posteriormente, da opressão e chantagens às testemunhas e, por fim, da omissão de documentos – como uma impressão digital da cena do crime omitida pela delegada Nancy Taylor -, simplesmente para esconderem um erro grosseiro que poderia comprometê-los. Esse conjunto de fatores levaram à condenação de um inocente, o qual só não foi levado ao cadafalso porque o estado de Massachusetts não pratica a pena de morte.

A Condenação serve como exposição da determinação exemplar de uma mulher convicta da inocência do irmão, de como a polícia e a justiça podem ser redutos de injustiças e da importância fundamental de entidades que lutam pela  reparação de condenados inocentes, como é o caso do Innocence Project, IP (Projeto Inocência), de atuação exemplar na área jurídica e que já retirou mais de 300 pessoas inocentes de várias prisões dos EUA.

Além de um ótimo drama jurídico, A Condenação é um “show de bola” para os profissionais, professores e estudantes da área do Direito. A “convicção” do título original dirige-se para a personagem central, Betty Anne Waters (vivida em atuação extraordinária por Hilary Swank, indicada para o Globo de Ouro de melhor atriz no ano passado), mas a história se cerca no empenho de pessoas que a apoiaram em seu propósito. O elenco, impecável, traz atuações marcantes de Sam Rockwell (Kenny Waters), Minnie Driver (a grande amiga de Betty, Abra Rice), e principalmente Melissa Leo e Juliette Lewis, que aparecem em uma cena cada e arrasam.

A Condenação expõe uma jornada pela reparação da injustiça. No entanto, vai além de simplesmente resgatar uma história real que poderia ter saído dos livros. Sua força está em nos fazer refletir sobre uma história inacreditável na qual os valores de amizade, determinação, família e amor glorificam os seus personagens.

Ficha técnica

A Condenação (Conviction, EUA, 2010), de Tony Goldwyn, com Hilary Swank, Sam Rockwell, Minnie Driver e Melissa Leo. Vinny Filmes. 107 minutos. 14 anos.

Confira o trailer B de A Condenação.

Clique aqui para assistir o vídeo inserido.

 

O post A CONDENAÇÃO – odisséia pela convicção apareceu primeiro em Blog de Cinema.


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